Claudio Macedo
20/01/2017

Microestrutura de cristais de haloimidazóis. [1]
Materiais ferroelétricos têm inúmeras aplicações tecnológicas. São exemplos de usos: o armazenamento de dados (memória de computadores) e de energia, sensores e transdutores piezoelétricos.

Os materiais ferroelétricos mais utilizados são cerâmicos, sendo titanato de bário e titanato zirconato de chumbo, dois importantes exemplos. Estes ao mesmo tempo que apresentam excelentes características de desempenho, são intrinsecamente limitados na sua aplicabilidade devido à presença de metais pesados, além de não serem flexíveis. Esses fatos têm impulsionado a busca por materiais mais “limpos” e mecanicamente flexíveis com propriedades elétricas comparáveis.

Pesquisadores dos EUA e da Polônia relatam, em artigo recente [2], o desenvolvimento de uma importante inovação nesse assunto: a obtenção de materiais ferroelétricos orgânicos flexíveis baseados em haloimidazóis trisubstituídos (trisubstituted haloimidazoles). Esses materiais possuem um tipo de estrutura cristalina que permite exibir ferroeletricidade e piezoeletricidade sem perder essas propriedades mesmo sob intensa mudança de forma. Além disso, os haloimidazóis apresentados pelos autores se incluem nos casos raros de materiais ferroelétricos em temperatura ambiente.

Esses novos materiais ferroelétricos, flexíveis e “limpos”, devem viabilizar o desenvolvimento de novos dispositivos, tais como atuadores de precisão para microscopia de força atômica, sensores de imagem ultrassônica e emissores para aplicações médicas. Realmente eles são muito bem-vindos. [3]

[1] Crédito da imagem: M Owczarek et al. / Creative Commons (CC BY 4.0). URL: http://www.nature.com/articles/ncomms13108/figures/3.

[2] M Owczarek et al. Flexible ferroelectric organic crystals. Nature Communications 7, 13108 (2016).

[3] Artigo relacionado: A inusitada ferroeletricidade bidimensional em temperatura ambiente.

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Fazendo ferroelétricos flexíveis. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/01/fazendo-ferroeletricos-flexiveis/. Publicado em 20 de janeiro (2017).

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